Bienal do Livro de São Paulo tem maior edição dos últimos 10 anos
- Filipe Pereira e Murilo Prado
- 18 de set. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 27 de set. de 2024
Evento que durou 10 dias recebeu mais de 700 mil visitantes, com um aumento do público de 9,32% comparado a 2022

A 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo ocorreu entre os dias 6 e 15 de setembro no Distrito Anhembi em um clima de festa. O maior evento de livros da América Latina concluiu seus 10 dias de atividades com um feito histórico: o maior público dos últimos 10 anos, com a presença de 722 mil visitantes, um número 9,32% maior que a última edição, que aconteceu em 2022.
O evento, que proporciona o encontro de diferentes leitores com novos livros e autores, é essencial para o país, nas palavras de Gabriel Calamari, autor do livro Porto Seguro: “O Brasil precisa de Bienal, o Brasil precisa de mais leitura, um país que não lê é um país que não aprende, é um país que escreve mal. Então vir aqui e ver a Bienal cheia é aquele pontinho de esperança que a gente precisa para seguir, para ter coragem de colocar uma história no mundo”.
O país ainda enfrenta uma triste realidade: um índice de 7,0% da população analfabeta, segundo o Censo 2022. Dado agravado quando o assunto é analfabetismo funcional (quando a pessoa possui dificuldades para compreender textos simples e realizar tarefas que envolvem a leitura e a escrita), o número sobe para 29%, entre pessoas de 15 a 64 anos, segundo dados do Inaf (Indicador de Analfabetismo Funcional) divulgado pelo IPM (Instituto Paulo Montenegro) e pela ONG Ação Educativa, em 2018.
Gabriel ressalta a importância de ações do governo e outros órgãos para o incentivo da realização de eventos como a Bienal. “Esse evento merece todo tipo de incentivo de governo, de iniciativa privada e ver a Bienal cheia é ver meu coração cheio, apesar de ser pessimista em relação a tudo que está acontecendo (sobre os níveis de analfabetismo), eu fico feliz e acho que o brasileiro tem de ler mais, então é muito importante”.

Ações de incentivo a leitura são anunciadas na Bienal
O evento contou com os incentivos de cashback (retorno no valor do ingresso em consumo) aos visitantes e R$ 7 milhões em vales-livro, no valor de R$ 60, distribuídos aos 123 mil alunos e servidores da rede municipal de ensino, para compra de livros. Na abertura da Bienal (5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) marcou presença e aproveitou a oportunidade para fazer anúncios políticos na área.
Lula, ao lado do ministro Jader Filho (Cidades), anunciou a criação de bibliotecas comunitárias nos condomínios habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida. A proposta define que será obrigatória a presença dos espaços nas unidades habitacionais, o acordo foi assinado por Filho e a ministra Margareth Menezes (Cultura) que serão responsáveis pela implementação.
Em outra decisão, com o ministro Camilo Santana (Educação) e Menezes, o presidente também anunciou um decreto que regulamenta a PNLE (Política Nacional de Leitura e Escrita) em conjunto com as duas pastas, para o incentivo a leitura, além da criação da nova PNLL (Política Nacional de Livro e Leitura).
Santana também anunciou a compra de acervo literário para o PNLD (Programa Nacional do Livro e do Material Didático Infantil) com investimento de R$ 50 milhões. Além de um edital de equidade com livros que abordem a cultura dos povos afro-indígenas e afro-brasileiros e com temática dos direitos humanos.
Além das figuras políticas brasileiras, o evento contou com a presença de Juan David Ulloa, ministro da Cultura, Artes e Saberes da Colômbia, país de honra convidado para o evento. Com a temática "A selva e suas histórias possíveis", inspirada na arquitetura e natureza da Amazônia colombiana, o estande de 300 m² contou com a presença de uma comitiva com 17 autores do país, chefs de cozinha e grupos musicais, incentivando o diálogo cultural entre os dois países com atividades de imersão na literatura e cultura colombiana.
BIENAL EM NÚMEROS - A feira literária contou com 2.000 horas de programação, a presença de 683 autores nacionais e 33 internacionais, além de 3,65 milhões de livros entre os 227 expositores. Esses dados, levantados pela Secretaria Municipal de Turismo (SMTur), por meio do Observatório do Turismo e Eventos da SPTuris, também mostraram que o ticket-médio foi de R$ 208,14.
Dos 722 mil visitantes, 54,6% eram da capital paulista, o restante veio da região metropolitana de São Paulo (22,5%), do interior do estado (15,9%) e de outros estados (7%). O público feminino foi a maioria com 69,8% dos visitantes, 28,5% masculino, 1,2% outros e 0,5% que não responderam. Cerca de 312 mil visitantes eram da faixa etária dos 18 aos 24 anos.
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