Maduro convoca embaixador venezuelano que atua em Brasília

Ato tem caráter de repreensão a outro país na diplomacia e acontece após falas de Celso Amorim sobre o processo eleitoral da Venezuela

Após receber criticas do ex-chanceler Celso Amorim, Maduro convoca o seu embaixador | Leonardo Fernandez Viloria/Reuters

Nesta quarta-feira (30), Nicolás Maduro, atual presidente da Venezuela, convocou o retorno do embaixador venezuelano, Manuel Vadell, em resposta às falas do assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para Assuntos Externos, o ex-chanceler Celso Amorim, um dia antes, na Câmara dos Deputados. “Houve uma quebra de confiança, algo nos foi dito e não cumprido”, disse Amorim, sobre a eleição na Venezuela. A resposta do governo de Caracas marca mais um capítulo na série de tensões entre os dois países. 

Na última quinta-feira (24), o Brasil vetou a entrada da Venezuela ao bloco econômico BRICS durante a 16ª cúpula do grupo em Kazan, na Rússia. O ato foi tratado pelo governo de Caracas como um gesto hostil. Dentre os motivos dados pelo governo brasileiro, estão os recentes desconfortos causados pelo resultado da última eleição, no final de julho, e as supostas falhas no processo democrático. O governo brasileiro ainda não reconheceu oficialmente a vitória de Maduro

“A Venezuela contou com o respaldo e apoio dos países participantes nesta cúpula para a formalização de sua entrada neste mecanismo de integração, mas a representação da chancelaria brasileira, liderada pelo embaixador Eduardo Paes Saboia, decidiu manter o veto que o ex-presidente Jair Bolsonaro, aplicou contra a Venezuela durante anos”, declarou o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela em resposta à decisão da delegação brasileira.

ENTENDA O CASO — Nesta terça-feira (29), Amorim afirmou em audiência  que “o Brasil concordou com Cuba e não concordou com a Venezuela porque existe esse mal estar [nas relações]. Eu espero que possa se dissolver à medida que as coisas lá se normalizam, os direitos humanos sejam respeitados, as eleições transcorrem com normalidade, as atas apareçam, enfim, coisas desse tipo”

Desde de 2023 o governo brasileiro vem tentando reintegrar a Venezuela na diplomacia da  América do Sul. Desde janeiro, o país observou as eleições venezuelanas com atenção, contudo, quanto mais se aproximava a data do pleito, mais polêmicas referentes ao processo eleitoral foram surgindo e acusações de que o presidente não pretendia cumprir nenhum dos acordos internacionais sobre a justiça eleitoral.