Professores brasileiros lideram uso de IA na educação, diz OCDE
- EntreFocos
- 7 de out.
- 3 min de leitura
Pesquisa mostra que 56% dos docentes do Brasil utilizam a tecnologia para preparar aulas
Kamille Neris
Com Agência Brasil

Mais de metade dos professores brasileiros já incorporam ferramentas de inteligência artificial (IA) em suas práticas pedagógicas. É o que revela a edição 2024 da Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis), divulgada nesta segunda-feira (6) pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Segundo o levantamento, 56% dos docentes no Brasil afirmam utilizar IA para preparar aulas ou buscar estratégias de ensino mais eficazes; um percentual significativamente superior à média dos países da OCDE, que é de 36%.
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O estudo ouviu professores e diretores, sobretudo dos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano), em 53 países. No ranking de nações que mais utilizam IA na educação, o Brasil ocupa a 10ª posição.
Como os professores usam IA no Brasil
Entre os professores brasileiros que adotam IA no ensino, os principais usos relatados foram:
Geração de planos de aula e atividades: 77%
Ajuste da dificuldade dos materiais conforme o nível dos alunos: 64%
Aprendizado e resumo de conteúdos: 63%
Já as aplicações menos frequentes incluem:
Revisão de dados sobre desempenho ou participação dos alunos: 42%
Geração de feedback ou comunicação com famílias: 39%
Correção e avaliação de atividades: 36%
Desafios para o uso de IA no ensino
Mesmo com o avanço, a pesquisa aponta barreiras significativas para o uso da inteligência artificial em sala de aula. Entre os professores brasileiros que não utilizaram IA no último ano:
64% disseram não ter o conhecimento necessário para usar IA no ensino (abaixo da média da OCDE, que é de 75%)
60% afirmaram que suas escolas não possuem a infraestrutura adequada (acima da média da OCDE, que é de 37%)
A formação em tecnologia também é uma demanda importante. Os professores brasileiros indicam necessidade de desenvolvimento profissional especialmente nas seguintes áreas:
Ensino de alunos com necessidades educacionais especiais (48%)
Uso de IA para ensino e aprendizagem (39%)
Ensino em contextos multiculturais ou multilíngues (37%)
O impacto ainda é incerto
O relatório da Talis ressalta que, apesar do crescimento acelerado no uso da IA, seus efeitos sobre a qualidade da educação ainda são pouco compreendidos. A organização lembra que a aplicação da tecnologia na área educacional vem sendo estudada há décadas, mas ganhou novo impulso com o lançamento do ChatGPT, em 2022.
“O uso da IA na educação tem sido estudado há mais de 40 anos, mas o lançamento do ChatGPT, da OpenAI, em 2022, acelerou o uso cotidiano da tecnologia. No entanto, seu impacto a curto e longo prazo ainda é incerto”, aponta o relatório.
Uso varia entre países
O uso de ferramentas de IA por professores varia significativamente entre os países pesquisados. Em Singapura e nos Emirados Árabes Unidos, cerca de 75% dos docentes já incorporaram a tecnologia ao ensino. Já na França e no Japão, esse índice não chega a 20%.
Legado da pandemia ainda se reflete no ensino
A pesquisa também mostra que o ensino híbrido ou online continua presente em algumas redes. No Brasil, 17% dos professores trabalham em escolas onde pelo menos uma aula foi ministrada online no último mês, número semelhante à média da OCDE (16%).
Quando o assunto é o uso de ferramentas digitais para aprendizagem, 85% dos professores, em média, acreditam que elas aumentam o interesse dos alunos. Já a percepção de que essas ferramentas realmente melhoram o desempenho acadêmico varia bastante:
Menos de 50% dos professores na Áustria, Bélgica, Finlândia, França e Suécia concordam
Mais de 95% dos professores concordam na Albânia, Arábia Saudita e Vietnã
Esta é a 4ª edição da Talis, conduzida no Brasil entre junho e julho de 2024, sob responsabilidade do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), em parceria com as secretarias de Educação dos 26 estados e do Distrito Federal.
Sob supervisão da Profª Patrícia Basilio
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