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Cidade mais digital da América Latina se adequa como Cyberpunk

  • Foto do escritor: Portal EntreFocos
    Portal EntreFocos
  • há 2 dias
  • 4 min de leitura

Dados comprovam o abismo de desigualdade de acesso e qualidade de vida vivenciado na cidade de São Paulo


Thiago Pozelli

Supervisão: Prof. Antônio Iraildo Alves de Brito


Conhecida como cidade mais próspera da atualidade brasileira, São Paulo é uma metrópole citada como exemplo em relação a avanços tecnológicos, sendo considerada a cidade mais digital da América Latina em termos de infraestrutura e serviços. 


Entretanto, o acesso a sua tecnologia e avanços se limitam apenas aqueles que podem acompanhar as tendências digitais, decorrente da presente e crescente desigualdade de distribuição do acesso além da ausência de desenvolvimento necessário para uso efetivo de toda a população, criando assim, uma atmosfera Cyberpunk por toda a metrópole.


O que é Cyberpunk?

O termo cyberpunk se originou do gênero sci-fi, sempre referente ao conceito distópico de “High Tech, Low Life” (alta tecnologia, vida precária), que aborda principalmente a rotina e vida nas grandes cidades, que por mais que possuam seus devidos avanços tecnológicos ainda enfrentam o abismo social da desigualdade.


O conceito Cyberpunk e São Paulo

Com base na análise de dados do Mapa da Desigualdade de SP, estudo realizado pela Rede Nossa São Paulo onde foram selecionados 45 indicadores de saúde, segurança, educação, transporte e moradia dentre todos os 96 distritos da capital paulista. 


Obtemos a diferença de 26,3 pontos, entre Moema com 75,6 que lidera a pesquisa com melhor pontuação nos indicadores, e Brasilândia, com 49,3 pontos nos mesmos indicadores, distrito com menor pontuação.


Apenas com a apresentação desses dados é possível se detectar a tamanha desigualdade presente no mesmo estado, afetando diretamente aspectos fundamentais para a qualidade de vida de qualquer cidadão.


Com o surpreendente fato sendo a pequena distância de 25km entre os distritos de Moema e Brasilândia, distância minúscula se comparada com a tamanha diferença de qualidade de vida dos locais.


Desigualdade Extrema

Um dos principais temas relacionados com a estética Cyberpunk é a desigualdade extrema, com diferentes casos revelando a entropia presente entre a vida de diferentes pessoas.


Onde existem aqueles que vivem no luxo e ostentação, com condições mais do que suficientes para se viver, enquanto isso, existem outras milhares de vidas que apenas sobrevivem nas ruas, em condição de absoluta miséria, sem nem ao menos terem o que comer ou sem saberem onde poderão dormir sem passar frio a noite.


Segundo pesquisas realizadas pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBpopRua), localizado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), usando como base dados do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social.


O estudo informa que aproximadamente 100 mil pessoas se encontram em situação de rua, somente na cidade de São Paulo. Com números sobre crescimento gradual ao decorrer dos meses, sem esperança de queda.


Com coleta mútua dos dados, existe a estatística que cerca de 30% dos moradores de rua do país se localizam em São Paulo. Contribuindo para mais um ponto de que mesmo a Metrópole com maior avanço da America Latina, ainda possui uma desigualdade radical.


Distribuição das Tecnologias

Como um ótimo exemplo da desigual distribuição dos avanços tecnológicos, temos o 5G, com inovadora eficiência e um upgrade no já existente 4G. Entretanto, com a exigência de que quem for usar o serviço necessitará de um celular com modelo recente, pois celulares antigos não possuem o acesso ao 5G.


Diante disso, fica evidente a ascensão da cidade como “High Tech", possuindo maior número de antenas de 5G em comparação com todo o país.  Por outro lado, é notável o “Low Life”, quando antenas não são construídas nas periferias de forma frequente, nem existe a queda no preço dos smartphones que possam possibilitar o uso do 5G. Resultando na implementação de uma High Tech apenas para aqueles que possuem o poder aquisitivo e moradia em local urbanizado o suficiente para sofrer as mutações tecnológicas.


Representações Midiáticas do Cyberpunk

Hodiernamente, é bastante comum a presença de livros, filmes e até jogos com o tema Cyberpunk. Sendo a mais recente dessas obras o jogo, “Cyberpunk 2077”, lançado em dezembro de 2020, que aborda sem filtros como é a vivência em uma cidade tomada pela desigualdade.


O jogo, além de seu sucesso, também teve grande impacto no cenário de games brasileiro, quando um consultor do projeto, Mike Pondsmith, fez declarações sobre as fortes inspirações sobre a desigualdade e violência presente no jogo em metrópoles como Rio de Janeiro e São Paulo.


Em publicações oficiais na rede social Reddit, Mike comentou "Amei Rio e SP. Tenho muitos amigos em ambas as cidades, mas isso não me blinda do fato de que são lugares perigosos."

“Me lembro da última vez em que estive no Rio, liguei a TV no noticiário local e vi que as gangues da favela estavam lutando contra a polícia militar com lança-foguetes. Não dá para ficar mais Cyberpunk do que isso." relatou Mike.


Confirmando a forte inspiração dos jogos em fatos vividos na vida real, ocorrendo  inclusive a declaração de São Paulo como uma das mais, senão a cidade mais Cyberpunk do planeta. Ao conferir dados, pesquisas e relatos sobre a mais promissora metrópole do país, é possível identificar semelhanças com o conceito Cyberpunk, não só no ramo tecnológico, mas na realidade de cada indivíduo.


Diante do problema, não podemos excluir a tentativa Estatal de mitigar a desigualdade existente, por meio de campanhas e grupos, como:


  • Wi-Fi Brasil, plano que promove a distribuição de internet em locais públicos ou de vulnerabilidade social;

  • Casa Hacker, o projeto localizado em Campinas focado na estruturação das tecnologias nas comunidades, abordando a inclusão digital, ensinamento sobre as tecnologias e até mesmo sobre os direitos digitais de cada um.


Com ambas as campanhas fundamentando o empoderamento digital em lugares menos urbanizados ou excluídos pela modernização. Apesar disso, ainda se exige o entendimento do longo caminho a ser trilhado para estabelecer uma cidade e sociedade sem um abismo social tão intenso. 




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