Projeto que incentiva crianças à prática esportiva comemora 10 anos de atividades

Entre desafios e conquistas, a ONG Crianças Guerreiros celebra uma década abrindo portas para o futuro

Matheus Rufino

Supervisão: Prof. Antônio Iraildo Alves de Brito

Ao observar as crianças jogando bola e incomodando a vizinhança da rua de sua casa no bairro Parque Bristol, no distrito do Sacomã, na zona sul de São Paulo, Almir Rodrigues teve a ideia de colocar em prática o desejo de oferecer esperança aos sonhos de diversas crianças. No começo de tudo, os treinos eram feitos esporadicamente, com um número baixo de crianças na quadra do CEU Parque Bristol, porém com o tempo, o interesse pela atividade aumentou, até que a gestão do CEU o orientou a denominar o projeto como uma ONG. Desta forma nasceu o “Crianças Guerreiros”, nome dado pelos próprios ‘pequenos’ que faziam parte do projeto desde o início. Junto com o Almir na criação e administração desse projeto estão: Barbara, filha dele e responsável pela assessoria, Dirceu, que ajuda nos treinos e Wanderlei, que cuida dos uniformes. 

“É muito bacana, sabe? Porque a gente pega amor pelas crianças e vê elas evoluindo”, relata Almir. O Crianças Guerreiros ao longo dos anos, deixou de ser apenas uma organização que promove treinos para crianças se divertirem jogando bola, atualmente diversos jovens que passaram pelo projeto estão jogando em categorias de base de grandes clubes. Um exemplo é Lorenna Gomes, atleta de 13 anos de idade, e também moradora do Parque Bristol, atualmente joga na base do São Paulo Futebol Clube. Ela que começou a jogar no time de Almir bem ‘novinha’, hoje é uma jovem promessa do futebol feminino brasileiro. “Eu comecei [a jogar futebol] bem ‘pequenininha’, quando tinha 7 anos, sempre quis jogar futebol e o ‘Guerreiros’ era o projeto mais próximo da minha casa”, declara Lorenna.  

A mãe da jovem garota, Thais Silva, hoje batalha para conseguir realizar o sonho da filha, já que ela mesma, por falta de oportunidade, não conseguiu realizar o próprio: “Sempre tive o sonho de ser médica, mas nunca consegui ‘correr’ atrás. Acredito que as dificuldades da vida fizeram com que eu deixasse esse sonho de lado”, desabafa a mãe da menina. O relato dela espelha a realidade de diversos pais que fazem de tudo para alimentar os sonhos dos filhos, mesmo que para isso tenha que haver muito esforço. “Quando recebemos a proposta dela entrar para o São Paulo, eu tive que tomar uma decisão muito difícil, que foi pedir a conta do serviço”, confessa, Thais. Porém, esperançosas, as duas afirmam que a entrevista concedida é a primeira de muitas que a jovem Lorenna fará em sua carreira.  

A menina, estrela da base do São Paulo, é apenas um exemplo dentre os jovens que a ONG “Crianças Guerreiros” ajuda a se destacar. Projetos sociais como esse, são importantes para o desenvolvimento das crianças, principalmente aquelas com menor qualidade financeira, porque ao oferecer, de forma gratuita, a prática de esportes à juventude, desenvolve-se a coletividade e saúde, física e mental das crianças, confirma especialistas. 

A trajetória da ONG Crianças Guerreiros mostra como iniciativas comunitárias mudam realidades. O projeto, criado de forma simples e movido pela vontade de melhorar a brincadeiras das crianças, hoje representa um ponto de partida para dezenas de jovens que encontram no esporte uma porta aberta para novas possibilidades. Em regiões onde faltam oportunidades, organizações como essa garantem acesso ao lazer, à disciplina e ao desenvolvimento humano. Ao celebrar 10 anos, o Crianças Guerreiros reafirma a importância de fortalecer ações sociais que acolhem, orientam e ampliam horizontes, evidencia que a esperança nasce quando alguém decide oferecer, de fato, uma chance.