
E agora, Jair?
- Filipe Pereira
- há 5 dias
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Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal deve concluir julgamento da trama golpista na próxima semana enquanto réus vão para o ‘salve-se quem puder’

Durante a terça (02) e quarta-feira (03) dessa semana, o país parou para acompanhar o julgamento pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete aliados pela suposta tentativa de golpe de Estado.
Entre elogios aos ministros, citações à Ariano Suassuna, Duque de Caxias e piadas sobre sogra, acusação e defesas fizeram seus papéis de defender seus pontos diante dos juízes que analisam o caso. Apesar do clima ameno entre os presentes no tribunal, um movimento de “salve-se quem puder” foi visto pelos réus, principalmente com alguns defensores buscando afastar seus clientes do ex-presidente.
Repetida ao menos cinco vezes pelo advogado Andrew Fernandes Farias, a palavra ‘demover’ chamou a atenção da ministra Carmen Lúcia, assim como a nossa, durante a defesa de Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa do governo Bolsonaro. O termo, que quis indicar Nogueira, afastou o ex-chefe do Executivo de qualquer tipo de ação golpista, mas o tiro pode ter saído pela culatra, podendo servir como indício de que algo estaria acontecendo para haver a necessidade de parar Bolsonaro.
Outro acusado que tentou se desvencilhar do considerado chefe da trama foi Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete se Segurança Institucional (GSI). Por meio de seu advogado, Matheus Milanez, a defesa afirmou que Heleno teria se afastado do núcleo do golpe e que teria se afastado do ex-presidente após a derrota nas urnas em 2022 — mais um pulando do bote.
Mas teve um argumento que foi unanimidade em praticamente todas as defesas é o de que a delação do ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, seria falha. Com pedidos de anulação e acusações de coersão, as declarações de Cid foram rechaçadas e até chamado de “artista de péssima qualidade” o militar foi pela defesa de Walter Braga Netto — ex-ministro da Defesa e vice de Bolsonaro na chapa de 2022.
Enquanto rola o julgamento com uma condenação praticamente certa, no Congresso, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Anistia é articulada, com um fio de esperança bem fino ao ex-presidente. Como resposta ao julgamento, parlamentares bolsonaristas buscam livrar o ex-mandatário, aliados e julgados dos ataques do 8 de janeiro da prisão — proposta radical e mal vista pelo governo, chefes das casas Legislativas e o STF.
Em contrapartida, um texto esboçado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), chega como uma versão light do projeto, deixando o ex-presidente de fora da anistia e oferecendo redução de penas aos condenados nos atos de depredação após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Tal medida parece ser mais digerível e pode contar com um apoio mais amplo, inclusive de ministros do Supremo.
No fim do dia, dificilmente Bolsonaro escape de uma condenação, assim como os outros réus, e uma anistia a ele tão pouco deve acontecer. Cabe ao ex-presidente somente pensar em seu espólio eleitoral e garantir que nas eleições de 2026 sua base se una para que sua imagem possa ser usada com o peso político que ainda lhe resta.
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