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O que podemos aprender com nossos hermanos ao sul?

  • Foto do escritor: Filipe Pereira
    Filipe Pereira
  • 22 de ago.
  • 3 min de leitura

Uruguai é um país que apresenta bons resultados em níveis educacionais, de direitos e de segurança e pode nos ensinar muito

Uruguaios foram pioneiros em diversas pautas progressistas na região | Filipe Pereira
Uruguaios foram pioneiros em diversas pautas progressistas na região | Filipe Pereira

Tive a oportunidade de visitar o Uruguai neste ano e uma série de reflexões sobre as diferenças e semelhanças culturais e de outros indicadores do país em relação ao Brasil veio à minha mente. O país, considerado o segundo mais seguro da América Latina, se destaca por seus índices educacionais e pelo pioneirismo em diversas pautas, além de ser considerado o mais democrático da região latino-americana.

Na lista de alguns feitos notáveis dos nossos hermanos, à frente dos nossos, está a legalização do divórcio em 1907 (ante o Brasil em 1977), a união homoafetiva reconhecida em 2007 (Brasil em 2011) — o Uruguai foi o primeiro país sul-americano a legalizar uniões civis entre pessoas do mesmo sexo. Além disso, em uma busca de diminuir o tráfico de drogas e controlar o consumo, o país legalizou o consumo e o cultivo controlado da Cannabis em 2013. 

Já um ponto que voltou à discussão no Brasil é o direito ao aborto. No país vizinho, desde 2012, a prática é permitida em qualquer circunstância até a 12ª semana de gestação. Em casos de estupro, são permitidos até a 14ª semana. Além disso, em casos em que há risco para a mãe ou má formação do feto, podem ser feitos em qualquer período da gestação.

Claro que nem tudo são mil flores, considerado um dos países mais caros da região para se viver, nosso vizinho enfrenta um alto custo de vida, somado a impostos que não são devolvidos em sua totalidade à população. Os uruguaios também contam com um funcionalismo público inflado e que pesa para a população, assim como relataram os moradores — que são muito receptivos, assim como nós brasileiros, e me contaram um pouco de suas vivências.

Outro fator que pesa no bolso dos locais é o valor dos bens de consumo nacionais, uma vez que grande parte do que é produzido, principalmente gêneros alimentícios, são exportados para outras partes do mundo. Somada às exportações, a compra de diversos produtos que não são produzidos no Uruguai fecha a conta de valores altos de lá.

No entanto, o país compensa com bons índices globais, como os educacionais, com a segunda posição no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, em inglês) de 2022, atrás somente do Chile, enquanto o Brasil ocupa as posições mais baixas, mostrando algum destaque apenas no critério “Leitura”.

Pode ser injusto fazer uma comparação entre os países por suas proporções territoriais, mas pelos recursos, indústria e potência que o Brasil tem, a situação poderia ser bem diferente. Políticas de Estado e ações públicas bem pensadas são algumas das alternativas que os governos brasileiros poderiam ter tomado nos últimos anos para melhorar o país — o que acontece em passos lentos combinado a retrocessos que atrapalham bons resultados.

Buscar uma solução para o Brasil parece ser difícil, principalmente em tempos de polarização política como o que vivemos, por isso, é necessário observar o que nos une como país e seguir em frente. Combinado a isso, se pudermos utilizar o exemplo de nossos vizinhos que possuem êxito em algumas áreas, podemos buscar caminhos fugindo de fórmulas mágicas que um e outro apresentam e aplicar o que realmente já funciona. Nem sempre precisamos inventar a roda, mas aprimorar o que já existe.

*Sob a supervisão da professora Rita Donato

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