
Suspensão de Moraes é um dos últimos problemas na lista de Trump
- Filipe Pereira
- há 5 dias
- 3 min de leitura
Após ameaças de Eduardo Bolsonaro e abertura de inquérito contra o parlamentar pelo ministro do STF, dúvidas pairavam sobre as medidas dos EUA

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, determinou na última segunda-feira (26), a abertura de um inquérito contra o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por suposta atuação contra o Judiciário na terra do tio Sam. Tal decisão veio após o parlamentar fazer postagens falando de tratativas de sanções ao ministro e a outras autoridades, principalmente em resposta ao julgamento do pai, o ex-presidente, Jair Bolsonaro.
O que Moraes não pensou foi que a decisão de abertura do inquérito caiu como uma luva para os parlamentares de extrema-direita, apenas reforçando o discurso que o “filho 03” queria: adotar a persona de vítima perseguida pelo Judiciário Brasileiro. O parlamentar se licenciou oficialmente do cargo em abril deste ano e, atualmente nos Estados Unidos, utilizou a viagem por medo de ser preso no Brasil — probabilidade nada provável à época, mas que o parlamentar buscou formas de fazer com que acontecesse.
Outro fator que serviu com perfeição para a narrativa dos bolsonaristas foi que o processo ficou com a relatoria do próprio ministro, não por vontade de Moraes, mas por ele já estar acompanhando outros inquéritos, como o da trama golpista. No entanto, não é preciso pensar muito para saber que esse fato (sem a segunda parte, é claro), já circula nos grupos de WhatsApp e Telegram com a manchete mais sensacionalista de que o juiz é quem manda em todo o processo e é o problema do Brasil.
Paralelo a todo esse cenário, ainda há a discussão sobre a possibilidade de algum tipo de sanção a Moraes nos Estados Unidos. Quando falamos de governo Trump, tudo pode acontecer, no entanto, muitas palavras acabam se perdendo, como em outros casos. Creio que o presidente americano possua muito mais coisas na sua cabeça do que se preocupar com o ex-presidente brasileiro, então, tais decisões, se vierem, mais provavelmente serão por meio de congressistas republicanos — dos quais o parlamentar tem conversado.
Agora com Musk fora do governo americano, a pessoa que mais fez barulho contra Moraes (e que voltou atrás, diga-se de passagem), não estará tão próximo do líder americano para cantar a bola, o que diminui ainda mais as chances. Porém, vale aqui lembrar que o ministro também atuou contra a plataforma de vídeos Rumble, o que gerou um processo pelo grupo Trump Media & Technology Group DJT.O, do presidente Donald Trump, no Tribunal Federal dos Estados Unidos, na Flórida. Levando ao ponto que pode gerar atrito: a atuação da autoridade em algum órgão americano.
A lista de possibilidades é grande, no entanto, uma das menores é que algum tipo de atitude mais pesada seja utilizada contra o ministro pelo julgamento de Bolsonaro e seus aliados, como a utilização da lei Magnitsky (conhecida como a pena de morte financeira).
Claro que a direita se saiu mais uma vez bem em gerar um fato político para alimentar suas narrativas e aumentar o clima de acusações contra o Judiciário, mas também fez com que Eduardo ganhasse um ar de paródia de seu pai perseguido, ainda correndo o risco de sofrer punições.
No fim do dia, a crise diplomática está longe de ocorrer. Trump precisa cuidar de seus próprios negócios, como qual será o próximo passo contra quem se opõe a ele em seu próprio país, do que tomar as dores de um ex-governante em uma nação de terceiro mundo, que tem apoiadores já pensando em assumir seu espólio caso continue inelegível e seja preso no fim do julgamento.
Sob a supervisão da profa. Rita Donato
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