top of page

Viver no Brasil não é para amadores

  • Foto do escritor: Filipe Pereira
    Filipe Pereira
  • há 12 minutos
  • 3 min de leitura

Próxima semana conta com julgamento do núcleo um da trama golpista, enquanto Camex começa a estudar a aplicação da Lei da Reciprocidade em tarifaço

Megaoperação contra atuação do crime organizado agitou a semana | José Cruz/Agência Brasil
Megaoperação contra atuação do crime organizado agitou a semana | José Cruz/Agência Brasil

Adoraria dizer que a próxima semana em terras tupiniquins seria calma e tranquila, mas se você, assim como eu, acompanha o cenário político nacional e internacional, sabe que calma não é a melhor palavra para definir como os próximos dias serão. 

Na próxima terça-feira (02), começa o julgamento do núcleo um da trama golpista pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Dentre os nomes estão o do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete aliados (ou ex-aliados, como preferir), sendo eles, Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-diretor geral a Agência Brasileira de Inteligência), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República), Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro), Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (ex-ministro e vice candidato de Bolsonaro em 2022). 

O julgamento, que tem sessões marcadas até o dia 12, deve ser um marco na história do país por diversos motivos, como ter o primeiro presidente no banco dos réus acusado de golpe de Estado. A revista britânica The Economist publicou nesta semana Bolsonaro em sua capa com chapéu de viking que ficou conhecido na invasão ao Capitólio em 2021 com a manchete "Brasil oferece aos Estados Unidos uma lição de maturidade democrática".

Além da publicação britânica, o assunto tomou a atenção do mundo, com líderes apoiadores do ex-presidente acusando o processo de golpe e outros parabenizando a condução do julgamento e o respeito à democracia. Claro que, o mais eloquente e que tomou ações diretas contra o país foi o presidente americano, Donald Trump, com a pitacos de um brasileiro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro.

Imprensa internacional repercutiu julgamento do ex-presidente | Reprodução The Economist
Imprensa internacional repercutiu julgamento do ex-presidente | Reprodução The Economist

A chantagem feita por troca de uma possível anistia ou fim do processo contra o ex-chefe do Executivo afetou mais os brasileiros que trabalham honestamente e possuem seus negócios, e os americanos do que os alvos marcados por Trump e companhia. 

No entanto, como ser brasileiro não é fácil, além do julgamento, taxações e sanções, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou, nesta quinta (28), que o Itamaraty consulte a Câmara de Comércio Exterior (Camex) para um possível acionamento da Lei de Reciprocidade nas sobretaxas de 50% impostas pelos Estados Unidos. 

O país tem todo o direito de responder, mas a resposta deve ser feita calculadamente para evitar possíveis retaliações do outro lado e mais problemas para nossa economia e para nosso povo. Talvez a estratégia do governo seja aproveitar o julgamento para não receber os holofotes na decisão, mas também pode ser um tiro no pé, atiçando mais Trump.

Combinado a todo esse caos, ainda ocorreu a megaoperação contra a atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor dos combustíveis e batendo até na porta da Faria Lima, mas que agiu no cerne do problema: buscar desmantelar as organizações criminosas em seus recursos financeiros. O caso terá mais desdobramentos nos próximos dias, e pode respingar em gente grande.

Apesar de não ser o cenário mais calmo, o país já enfrentou turbulências maiores e sobreviveu para contar história. Então pegue seu café, aperte os cintos e leia o noticiário com doses de respiros entre uma notícia e outra, pois viver no Brasil não é para amadores, mas tiramos de letra.


Comentários


bottom of page